A Referência é uma rede de repositórios de Ciência Aberta na América Latina que “dá visibilidade à produção científica das instituições de educação superior e investigação da América Latina, promove o Acesso Aberto e gratuito ao texto completo, com especial ênfase nos resultados financiados com fundos públicos”. A rede dispõe de uma dezena de países adscritos, nos quais, segundo a sua presidente, Bianca Amaro, o mais importante é que as autoridades em ciência e tecnologia se impliquem com a Ciência Aberta. Amaro vai participar no XXI Encontro de Reitores do Grupo Tordesilhas, destacando o papel das redes internacionais como LA Referencia (A Referência) e a experiência de que dispõem neste sentido.
Pergunta. Qual é o trabalho que LA Referencia realiza na América Latina?
Resposta. O trabalho de LA Referencia consiste em promover o Acesso Aberto. Nesse momento começamoscom as publicações e agora continuamos com os dados científicos. Outra tarefa muito importante é a promoção de acordos, não só com países que pertencem a LA Referencia, como também a nível mundial. Fazemos issopara que a América Latina possa ter a sua voz reconhecida em todo o mundo do ponto de vista da produção científica de qualidade desenvolvida nas nossas universidades. Desenvolvemos ainda tecnologia e, por outro lado, temos outro componente que, na minha opinião, é maravilhoso: apoio entre países para o desenvolvimento de infraestruturas de Ciência Aberta, partilhando experiências e trabalhando emconjunto.
Qual é a situação da Ciência Aberta na América Latina neste momento? A implantação do movimento é uniforme?
Não, não é uniforme. Respeitamos profundamente as diferenças existentes entre os países e esse é outro ponto importantíssimo da nossa organização. Temos países muito avançados, com vários repositórios, e outros que estão agora a começar a promover a sua criação. Portanto, a implantação não é uniforme, embora isso seja interessante. A diferença dentro de LA Referencia também faz com que os países menos desenvolvidos prestem atenção ao que fazem outros países, validem o trabalho de outros países e se ponham a trabalhar nos seus repositórios.
Quais são os principais obstáculos que encontram ao promover a aplicação de políticas de Ciência Aberta nos países da América Latina?
Já temos quase todos os países da América Latina inscritos na rede, agora estamos a trabalhar com os países da América Central, mas estamos a ter alguns problemas. Sobretudo, obstáculos provenientes da política. Temos de conseguir que a política entenda a importância da Ciência Aberta. Costumamos organizar palestras, eventos, etc. relacionados sobre a importância de pertencer a uma rede como LA Referencia, mas é difícil fazer compreender a relevância vital do assunto.
Diz que um dos principais obstáculos está relacionado com a política. Na sua opinião, o que é preciso trabalhar com os políticos para que eles queiram que os Estados que representam façam parte da transformação para a Ciência Aberta?
É uma falta de compreensão pela sua parte. Têm de entender o imprescindível que é para os investigadores de um país e para o reconhecimento da ciência que levam a cabo. Outro dos principais desafios consiste na promoção da visibilidade da produção científica da América latina e, para tal, a Ciência Aberta é imprescindível. Precisamos aumentar essa visibilidade porque, até há alguns anos, a visão europeia era que o norte produzia ciência e o Sul consumia a ciência. Mas isso não é bem assim. Produzimos ciência de grande qualidade e devemos fazer com que o mundo o saiba.
Reivindica o papel da América Latina como grande produtora de ciência de qualidade, como atua LA Referencia para contribuir para o aumento da visibilidade dessa realidade?
LA Referencia atua como nó central de toda a produção científica da América Latina. Isto chega à Europa e ao resto do mundo através de outras organizações, redes globais (LA Referencia tem carácter regional). Também participamos em todos os congressos internacionais e estamos envolvidos nas principais iniciativas relacionadas com repositórios científicos a nível mundial.
Qual é o papel que os divulgadores científicos devem ter nas redes como LA Referencia para aumentar, como acabou de dizer, o trabalho científico da região?
Acho que deve ter um trabalho contínuo em palestras a nível nacional e internacional para que as pessoas sejam informadas sobre o fazemos e assim estaremos a atuar a partir da rede. Da mesma forma que explicamos às autoridades e aos governantes o que é LA Referencia, também devemos explicá-lo às pessoas. A nossa investigação é de alta qualidade e toda a sociedade deveria poder aproveitá-la.
O que acha que todos os seus anos de mandato como presidente de LA Referencia significaram para a rede?
Bom, estou a agora a acabar o meu mandato de presidente e já não posso voltar a apresentar-me às eleições porque tem de outro país a tomar posse do cargo; o que me parece muito interessante. Estou muito contente de ter conseguido a participação de outros países da região, com tudo o que isso implica. Sobretudo, o compromisso das autoridades da Ciência e Tecnologia destes estados. Isto é fundamental para a estruturação da rede. Acho que isto foi o mais importante juntamente com ter conseguido uma representação a nível internacional nas principais iniciativas da Ciência Aberta. A minha sensação é ter cumprido o meu dever; também pela assinatura de acordos com outras redes, como a africana.
Na sua opinião, as redes existentes sobre Ciência Aberta como LA Referencia ou os encontros sobre este tema como o XXI Encontro de Reitores do Grupo Tordesilhas são suficientes?
Acho que se está a trabalhar muito e muito bem. Penso que é muito importante participar em eventos como este, difundir o que fazemos por todos lados e, portanto, considero fantástica a oportunidade do Encontro de Reitores do Grupo Tordesilhas para comparar os níveis dos países. Quanto mais se falar de Ciência Aberta, melhor.
Qual é a mensagem principal que, na sua opinião, se deve lançar a partir das redes como LA Referencia?
Sobretudo, dirigido aos investigadores, devemos incidir muito em que, se podem incluir os seus trabalhos em repositórios como Researchgate, podem fazê-lo em repositórios institucionais. Recebemos fundos públicos para investigar e esse conhecimento deve ser público. Precisamos que os investigadores saibam que ninguém lhes vão roubar a ciência, que existem exceções relacionadas com segurança nacional, direitos de autor, etc. mas a Ciência Aberta é fundamental. Tampouco é verdade que isto custe dinheiro aos investigadores. A ciência deve ser aberta porque gera bens públicos para todo o mundo.
Qual é o futuro da Ciência Aberta na América Latina?
O que eu mais gostaria é que todos os países que compõem a América Latina, façam parte de LA Referencia. Nesse momento poderemos dizer que toda a América Latina está representada na nossa rede. Além disso, temos outro desafio: queremos que LA Referencia seja cada vez mais considerada a voz da América Latina em todo o mundo no que diz respeito à ciência.
“Tenemos que visibilizar a América Latina como productora de Ciencia de calidad”
R. Creo que debe haber un trabajo continuo en charlas nacionales e internacionales para que la gente conozca lo que hacemos, y así estamos actuando desde la red. De la misma manera que nosotros explicamos a las autoridades y los gobernantes qué es LA Referencia, debemos explicarlo también a la gente. Nuestra investigación es de alta calidad y debe poder aprovecharse toda la sociedad de ella.
P. Sus años de mandato como presidenta de LA Referencia ¿qué han significado para la red?
R. Bueno, termino ahora como presidenta y ya no puedo volver a presentarme a la reelección porque tiene que ser otro país el que tome el cargo; lo cual me parece muy interesante. Estoy muy contenta de haber logrado la participación de otros países de la región, con todo lo que eso implica. Sobre todo, el compromiso de las altas autoridades de ciencia y tecnología de estos estados. Esto es fundamental para la estructuración de la red. Creo que esto ha sido lo más importante junto con conseguir estar representados a nivel internacional en las principales iniciativas de Ciencia Abierta. Mi sensación es de deber cumplido; también por la firma de acuerdos con otras redes, como la africana.
P. Para usted, ¿son suficientes las redes existentes sobre Ciencia Abierta como LA Referencia o los encuentros sobre este tema como el XXI Encuentro de Rectores del Grupo Tordesillas?
R. Creo que se está trabajando mucho y muy bien. Creo que es muy importante participar en eventos como este, difundir lo que hacemos por todos lados y, por tanto, considero fantástica la oportunidad del Encuentro de Rectores del Grupo Tordesillas para comparar los niveles de los países. Cuanto más se hable de Ciencia Abierta, mejor.
P. ¿Cuál cree que es el mensaje principal que se debe lanzar desde redes como LA Referencia?
R. Sobre todo, dirigido a los investigadores, se debe incidir mucho en que, si pueden incluir sus trabajos en repositorios como Researchgate, pueden hacerlo en repositorios institucionales. Recibimos fondos públicos para investigar y ese conocimiento debe ser público. Necesitamos que los investigadores sepan que no les van a robar la ciencia, que existen excepciones relacionadas con seguridad nacional, derechos de autor, etc. pero la Ciencia Abierta es fundamental. Tampoco es verdad que esto cueste dinero a los investigadores. La ciencia debe ser abierta porque genera bienes públicos para todo el mundo.
P. ¿Cuál es el futuro de la Ciencia Abierta en América Latina?
R. Lo primero que quisiera es que todos los países que forman Latinoamérica, formen parte de LA Referencia. En ese momento podremos decir que toda Latinoamérica está representada en nuestra red. Además, otro reto que tenemos es que, cada vez más, LA Referencia sea considerada la voz de Latino América en todo el mundo en lo referente a ciencia